domingo, 4 de janeiro de 2015

Caçador de Heresias - Capítulo 02


- O MUSEU -

 
     O hall de entrada era belíssimo. Ao lado esquerdo havia bustos de pessoas importantes, da antiga administração da cidade e do museu. Do lado oposto, um lindo quadro da revolução francesa. O teto era abobadado e tinha um triângulo com o popularmente chamado "olho que tudo vê". O átrio ecoava ao som da algazarra de adolescentes irreverentes.
     — Silêncio! — Exclamou a monitora do colégio, Sra. Fátima.
     Uma outra Senhora, esta a guia do museu, da uma tossida e ri quando fala:
     — Alunos. É com muito prazer que vos apresento o antigo museu de Nova Plebe. Para quem já o visitou sabe como seu conteúdo histórico fascina e trás muitas reflexões. Quando entramos nele mergulhamos em um universo somente nosso, e não o bastante, também nos interligamos a momentos do passado que trazem um pouco de nós. Os artefatos do museu contam um pouco da história de nossa cidade, fazendo-nos refletir e reavaliar nossa própria ótica e como ela se modifica através do tempo, pois após a infância, muitos conceitos que tínhamos sobre algo acabaram sofrendo modificações ao longo do crescimento e consequentemente ao longo da transformação de nossa própria ótica individual.
     E continua:
     — E o passado ajuda nisto, pois mostra nossas falhas. Vocês já devem estar cansados de meu blá-blá-blá, então vamos em frente. — Diz a guia do museu, e acrescenta: — Tenham um bom passeio.

     — Já vamos indo. — Diz o pai.
     — Mas já? Não vão ficar? — Indaga Emily preocupada.
     — Temos que ir. Qualquer coisa nos liguem, iremos buscar vocês.
     — Ta ok.
     — Tchau. Amo vocês. — Disse a mãe se despedindo.
     — Tchau... Até depois. — Falou Samuel enquanto começava a seguir o pessoal e sua irmã se juntar a turma.

     Fátima olhava com uma cara idiota em direção à abobada, mas retomou sua velha postura e disse:
     — Formem duas filas. Uma para os alunos do 2° ano, e outra para os do 3° ano. — Yoni se locomovia para entrar em sua fila. Estava entre os alunos do 3° ano. Também havia uma fila para visitantes comuns que eram acompanhados pela guia do museu, ali estava Samuel.
     Então os visitantes rumaram em direção ao acesso que dava ao museu propriamente dito, quando Yoni lê uma frase que lhe parecia certamente familiar. Estava gravado no umbral da porta em letras góticas o seguinte: " Conhece a ti mesmo e conhecerás o universo e seus deuses."

( ... )

     Samuel estava temeroso quanto ao passeio, pensava se talvez não havia sido melhor ter ficado em casa. Nesse aspecto o garoto parecia um tanto dramático, e pessimista... é claro.
     Após ter atravessado o hall, ele acompanha a fila e segue as instruções da guia em paralelo à fila do pessoal da escola. Era uma sala ampla, mobiliada por balcões e estantes entre um caminho em zigue-zague, através da história. Passaram por réplicas de cavalos puxando as carroças do velho Renato Augusto, mas também pela antiga prefeitura, outrora destruída por uma horda de manifestantes furiosas.

( SPAFT!) — Opa, desculpe... Sou muito desastrada. — Diz Yoni levantando-se de uma queda. Samuel olha e nota que é a colega de sua irmã que estivera em sua casa.
     — Que droga! — Pensou Yoni com seus botões. Cair na frente de todo mundo... Que mico, mas não me importo com a opinião dos outros. — Completou a garota, mas no fundo sabendo que existia um motivo para estar assim tão distante de uma hora para outra. E era o presente lugar, ele a prendia, conectava a um passado. Mas havia algo pesado no ar, dava um frio na espinha.
     ...E a garota sentiu subitamente um hálito quente que ia subindo pelo corpo, seguido de uma onda gelada que desceu pela coluna. Nesse momento passou a escutar muitas vozes e um grito agoniante. Havia algo perverso... era como se pessoas clamassem por ajuda!

( ... )

     Neste momento, a guia explicava sobre um certo colar, muito estranho por sinal. Havia pertencido a um antigo colecionador de antiguidades. Seu nome era Arthur Rômulo, que além de um colecionador também fora fundador de uma organização chamada IDM.
     Samuel se sente inquieto. Escuta uma contínua balbúrdia no fundo do museu seguida de um estalido seco.
     — Não!!! — Grita uma visitante e muitos objetos de vidro ou porcelana caem se espatifando pelo chão. Então o caos se instaura no local, as pessoas começam a se agitar e a garota cai...

     — Samuel! — Grita Emily, e novos barulhos e gritos surgem. O garoto corre de encontro à irmã mas é derrubado por pessoas que irrompem subitamente em seu caminho na esperança de fugir do local. O garoto então se levanta e avista dois homens mascarados olhando estranhamente para a garota que está caída. Mas o que eles poderiam querer com ela???

     O pânico começa a se fazer presente para Samuel, mas ele precisa fazer algo para afastar as garotas do perigo. Em meio as pessoas o garoto vê os bandidos se deslocando para lá e age por impulso. Correndo em direção a eles, salta por um balcão e derruba uma estante em cima. Um profundo estrondo balança o piso do local.
     — Ahh! — Grita Emily olhando com pavor.
     — Não há tempo! — Diz Samuel encontrando a irmã. Ele ergue Yoni do chão e a carrega até que ficam atras de um balcão e observam a bagunça.
     — Você esta bem? — Pergunta para a irmã.
     — Estou! — Responde ela histericamente.
     Ao olhar para Yoni ele empalidece. A garota não estava desmaiada este tempo todo, mas sim em uma espécie de transe, como em um sonambulismo. Mas ao fixar o olhar para a garota de cabelos roxos e olhos claros, e como se soubesse exatamente o que estava fazendo ele a faz despertar.

( PLÁH! ) — Uma cena deplorável se passa na frente dos jovens que ainda permanecem escondidos furtivamente. Policiais chegam atirando para cima na esperança de mostrar algum trabalho, ou chamar a atenção. Os bandidos já haviam fugido...
     — Vamos sair daqui? — Fala Yoni calmamente olhando para Samuel.

- Fim do capítulo -

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